2004-11-23

César

César não governa.
Nem sabe se sua esposa é respeitável.

César já não sabe e já não sabe saber.

César abraça os louros de outras Primaveras e aguarda o fim do Inverno.
Tal não o satisfaz, não o encontra, não o deixa respirar.

Ar frio.
César sobrevive sem o Senado.
Saberá o Senado sobreviver sem César?

Viverá algum deles?

César não governa.
É eloquente sua esposa.
Encaracoladas palavras de Oceanos confusos e vivos.

Todos já sabem.
Nos templos, nos lugares, nas ruas, mil imagens de sua esposa.

Todos já sabem.
Palavras acabadas e curtas. Suspiros. Sorrisos pequenos.

César não governa.

Seus louros são do passado.
Glórias e fortunas em abandono, não as recorda.

Escondido César.
Revelada sua esposa.
Respeitável e eloquente.

César.
Hoje é Nero.
Labaredas e incensos.
Fins e degredos.

César
Amanhã é Júlio.
Flores e fragrâncias.
Louros Primaveris.

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César não governa