2006-07-10

"Traças"

Lua cheia de brilho imenso.
Traças correm para a luz.

Lua cheia de perfume intenso
Traças correm para o odor.

Lua cheia de luar demente
Traças acotovelam-se pelo ar.

E se seduz não é por mal.
E se te traz dor não é por mal.
E se te dá desamar não é por mal.

Lua cheia, longe, calor.
Busca refúgio a legião de traças.
E calor, meu amor, calor.

Lua cheia, que dizes e que contas…
Escuto-te e rendo-me por igual.
Nem precisas de sorrir.

Nem precisas de sorrir outra vez.


E afinal quanto tempo, faz o tempo, que?...

É sempre longe demais, curto demais e mesmo assim tempo demais.

Traças, busca de calor…

Fogo a arder.
Chamo-lhe paixão.
Chamo-lhe doença.
Chamo-lhe inferno.

Fogo a arder.
Chamo-lhe mergulho final.
Ébrio, luxúria e asas em fogo e pequenos corpos contorcidos em fogo.

Tudo vale, menos no pouco, imenso, tempo que temos, cerrar as asas, cerrar os olhos e apenas morrer…

Traças, lua cheia, tempo de viver, tempo de arder.



Fogueira.
Fogueira de vaidades.
Fogueira de mentiras.
Fogueira de verdades.
Fogueira de pequenos corpos a arder.





Traças, fogo meu, pecado meu, suspiro meu, tudo vale menos cerrar as asas e acabar o voo.

Traças, corpo a arder, tudo vale, menos, apenas morrer.

1 Comments:

Blogger Ponta Solta said...

Como sempre, quase se consegue palpar o quanto as tuas coisas são sentidas.

Como sempre, gostei...

9:42 da manhã  

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