2005-01-04

"Saudade"

Triste Amália de Lisboa e da Mouraria canta tristezas e desvarios.
Uma promessa de beijos… Dois braços à minha espera…

Ai! Portugueses se aprendemos a ser saudosos
ou se somos só saudade, quem o sabe?
Nem Amália, nem Pessoa, nem Camões perdido na Índia.

Com que voz se canta hoje nosso futuro?
Com que voz choraremos hoje?
O tempo passa,
sempre passou,
passou o Brasil
passou a África,
passaram até as Índias…

Só na voz nossas aventuras, nossas riquezas,
nossos raios de lume louco.

Fúria cada dia mais branda.

Só na voz amiga de Amália um dia virá à rua o arco-íris.
Até lá apenas o fado, em tom magoado de triste pranto.

Só Amália.
Sua voz, redentora, um dia virá à rua,
Um dia será outra vez Primavera,
Um dia as andorinhas deixarão o luto,
Um dia a mouraria entenderá os braços até ao Tejo.
Um dia voltarão as flores.

Um dia será de novo Amor.
Até lá o luto.
O negro luto da morte e da saudade.