2005-03-22

"Dourado"

Meu anjo é dourado, como no filme.
Meu anjo em cachos de abandonos subtis, franjas avant garde.
Em abandonos insanos, meu anjo me remete.
Em abandonos insanos meu anjo me proteje, como no filme.

Que morro sem ter tido oportunidade de tocar seu rosto.
Implacável essa língua de fogo, essa mão medrosa e suada.
Coragem, dourada, sorvida em fogo num copo de gargalo largo.

E gelo. Muito gelo.
Derretido em sarjetas de onde não vemos as estrelas.
Derretido em fossas sujas onde nunca chegaram as fragrâncias da moda.

E gelo. Muito gelo.
Íris cega.
Abandonos eternos…
Nunca se é de ninguém…

Casa é sempre o momento do abandono, antes do abrir do pára-quedas.
Casa é o espaço onde me afogo quando voo sereno, no céu sobredotado de intrigas.

Casa está plena de furos.
Película imperfeita, céu esvoaçado de estrelas mais loucas que eu próprio.