2005-08-17

"Crónica"

Sempre julguei ter algo em mim a salvo.
A salvo da ruína e do infortúnio.

Sei hoje não ser assim.

E…

E sei hoje que ruína e infortúnio não perduram, quase nem existem.

Sempre me julguei a salvo.
De algum modo, em algum lugar.

Salvação?

Tal não é necessário.

As asas apenas se esturricam, nunca se queimam de vez.
Nunca.
E como os rios as asas são eternas.
Profundo alabastro celeste.

E…

Havendo mil crónicas de ruína.
Haverá sempre mais uma crónica.
Crónica de mil fogos ardendo sem queimar.
Crónica verdadeira, essa, sendo quase a única.
Crónica verdadeira e derradeira.