2005-11-17

"Frio"

Diz-me e não mo digas.
Diz-me sem me dizeres.
Mas sente-o.
Diz-me e não me olhes e não me toques.
E sente-o
Diz-me sentindo-o.
Diz-me e conta-me e fala-me.
Mesmo desse outro lado.

O silêncio entrepõe-se até à falta de ar.
Eu sei, eu sei.
Dia atrás de dia.
De manhã nunca fico.
De tarde nunca estou.
Dia após dia.
Diz-me e não mo digas.
Mas sente-o.
Meu Amor.

Diz-me e não mo digas.
Promessa, jura, confidência.
Coisas de Amor.
Palavras embargadas.
Toque frio e metálico da linha telefónica.

Jura apenas que me dirás.
Não!

Não jures.
Diz apenas.
Isso apenas necessito.
Que se quebre o silêncio e o embargo.
Que fine o timbre metálico do telefone.