2006-10-09

"Mana"

Partiste mana.

E fez-se de novo silêncio ensurdecedor em nossa casa.

Temos armários cheios de bolachas Maria, mas não tens mais três anos.

Partiste mana.

Teu sorriso aqui tão perto e interrogações sempre insistentes.

Porque sim já não é resposta, nunca foi, já não tens mais oito anos.

Partiste mana.

O Amor não é uma história, um conto, um romance, é uma batalha, uma guerra de liberdade e partilha, uma guerra de desencontros e reencontros, já não tens mais treze anos.

Partiste mana.

Entre o riso e o choro, mora esta saudade sangrenta.

Temos rio e temos mar, mas não tens mais dezasseis anos.

Partiste mana.

Universidade aqui tão perto, quase ao lado, terra de padres e alguns sacrifícios, mas tão perto que o meu abraço te tocava sempre que querias.

Não agora, já não tens mais dezoito anos.

Partiste mana.

A Rádio a Tv, ladainhas e noticias que nunca o foram, ilusões na ilusão de viver um dia de cada vez. Um dia foi teu sonho, teu castelo, não mais agora, já não tens mais vinte e três anos.

Partiste mana.

Vive alegria na saudade tremenda.

Vive Rio na cidade feliz.

Vive alegria em cada amanhecer.

Vive festa em cada rosto amigo.

Vive festa em cada descoberta.

Vive festa mana.

Vive festa!

Tens vinte e seis anos e o mundo é um recanto pequenino.

Como meu coração sufocando no peito na hora do adeus.

Vive festa mana pequenina.