2007-04-27

Poética lição

A poesia mais bela não se escreve.
Vive-se.
A poesia mais bela, não a digo, não a conto.
Respiro e embriago meu olhar em seu olhar.
Vivo-a.
A poesia mais bela não perece, não nasce, não renasce.
É eterna.

Os pássaros têm asas de liberdade.
Nós temos os sentidos e temo-nos uns aos outros.
Nós temos momentos, eternos momentos de tempo imperecível.
E memórias.
E sonhos.

A poesia mais bela não se escreve.
Vive-se.
Um dia na sala de aula.
Ontem no cinema.
Hoje no restaurante.
Amanhã numa esplanada perto do Mar.
Vive-se.

A poesia mais bela, encerra também tristeza, que isto da beleza em toda a sua plenitude, nos prenda com alegrias e o reverso.
E saudade...
Do passado, do presente, do futuro…
Saudade…
Plena imperfeição nosso fado, nosso destino, nossa vocação.
E assim mesmo bela poesia.
Nostalgia.
Alegre melancolia.

Um dia morreremos.
Não morrerá o que somos.
Digo o que somos e não o que fomos.
Como a poesia encerramos tristeza e o reverso.
Encerramos vida e o reverso.
E tal nos torna eternos.

A poesia mais bela, vivo-a todos os instantes.
Sagrada alegria.
Sagrada bênção de dias e de noites como os últimos, como os próximos, como os primeiros.

Cada instante é uma lição. Uma poética lição.