2004-07-10

Perdão

Perdão?

Não.
Não terei esse descanso ou consolação.
Tenho de pagar em sangue, em raiva e em lágrimas.
Esse novo-velho amor, amorfo e amordaçado.

Loucos amantes com açaimes de aço, eternamente apáticos.
Só isso fomos.

Mentimos?
Nem sei se mentimos.

Acorrentados a palavras desprovidas de actos ou consequências.

Não tenho fuga ou salvação.
Parou aqui o relógio derretido no calor dos minutos, suor do interior, seco e amargo.

Não tenho sombra nem esperança.

Cotovias ou corvos também não sei bem...
Lamparinas rubi escamoteiam recantos angulares.

Loucura de ausências e discursos perdidos de sentidos.

Cala-te e beija-me!
Adaga dourada.
Língua.

Sem perdão.
Para sempre em silêncio.
Nem sei se menti.