2004-11-02

"Prece"

Perco-me onde me encontro.
Ando avariado, peças e razões em falta.
Não sei, não ouvi, não disse.
Ausência de tantos sentidos.
Vazio até de outro sentido.

Perco-me.
Íris avelã.
Fitava-a mil anos.
Eternos e suaves mil anos.

Tuas mãos em meu peito, prece de meus mil dias, bênção de outras tantas noites.

Encontro-me.
Mil cantos revoltos, mar de Inverno, com o fogo do Verão.
Chamo-lhe teu rosto.
Chamo-lhe Sol.
Chamam-lhe Astro Rei.
Chamo-te minha.

Perco-me e encontro-me.
Hoje contava sardas, como mil grãos de areia, como mil estrelas, como mil histórias.
Hoje contava-te a ti.
Cheio e transbordando.
Luz, suor e que este dia não mais acabasse, para poder falar de ti.
Luz, suor e mais um de teus mil sorrisos, para poder enamorar-me ainda mais de ti.

Perco-me.
Íris avelã.
Fitava-a mil anos.
Eternos e suaves mil anos.