2005-08-25

"Tempo"

Tudo arde. Até eu queimo os dedos nas palavras e nas fotos.

Tudo arde, incandescência imortal de sentimentos fosforosos.

Vou introduzir o fim do tempo, dizimá-lo devagar. Sem misericórdia.
Tudo para que te tome e te segure, num instante final.

Fogo e enxofre, coração colérico de sentimentos.

Labaredas que derretem.
Lava doce nos teus lábios.
Sede e desertos salgados

Pontes sem margens e docas sem barcos para aportar.
Nesse cenário serás, só minha serei só teu.

Arrasto para o presente o fim do tempo. Retorço e corto, encolho-o até ao infinito. Deixará de ser.

E então bebendo-te e sendo um contigo, lava e lábios, sede e fogo, suor e labaredas, serei eu e tu, seremos, sem tempo.