2006-11-19

"Sucedem-se"

Sucedem-se os dias na sua correria já habitual.
Se a loucura é nossa ou a ela somos alheios isso nunca o saberemos.
Imersos até cima nessa viscosidade citadina, correm os carros, sucedem-se as luzes brancas e vermelhas.
Semáforos como enfeites de Natal. Tricolores. Autoritários mas vazios e desprovidos de sentido.
Correm por nós os dias, as pessoas, as noticias…

Passam todas as idades, todas as jornadas, todas as passadas largas do destino, uma correria sem curvas ou linha de meta.
Sucedem-se os semáforos, luzes tricolores, piscas laranjas querem mudar de via, de direcção.

Sustenho a respiração, peito ao alto, luz vermelha.

Se a loucura é nossa ou apenas vizinha, isso não o saberemos um dia? Pelo menos um dia qualquer?
Submersos pelos minutos e pelos momentos.
Submersos por profundos ditos e atravessados desditos.

Há já luzes de Natal na minha rua. As mesmas do ano passado. O momento é no entanto outro.
Mas será o destino diverso?
Brilharão brancas e amareladas.
Pequenas estrelas menores rompendo alvoradas.
E será âmbar nosso futuro?
E será rosado nosso futuro?
Amanhecer fogo. Quase que arde.
E nosso futuro como será?

Queimo as mãos em teu rosto.
Queimo os lábios em teu corpo.

Sucedem-se nuvens, correm compassadas em seu ritmo louco que será também meu que será também teu que será também nosso.

Sucedem-se as nuvens, lanço-lhe miradas pasmadas, cada dia é diverso, âmbar, rosado, roxo, rubro, amarelado, despertar dourado, sem saber o futuro cismo e me atravesso nesse dia de caminho sem regresso.

1 Comments:

Blogger Unknown said...

Olá!
Eu gostei de tudo o que li,deixo o comentário neste, como podia deixar noutro qualquer...Talvez este por ser sensual...
Gosto da forma intimista como escreves, reveladora de caracter, de introspecção, de maturidade.
Muito interessante.
Parabéns!
Carolina

11:55 da tarde  

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