2004-07-10

Desterro

Abnegado e dedicado coração. Arrancava-o num segundo se assim o desejasse meu amor. Mas não, não o quer e não o farei.

Sou órfão e apátrida.
Como a lágrima do tubo de ensaio.
Analisada até ao fim.
Se vive ou se jaz fria e morta não interessa é e será apenas outra lágrima minha com amargo travo a flores guardada num tubo de ensaio escondido no jardim.

Labirinto verde e rosa.
Imóveis outros rostos que não os teus do passado miram de volta, no rosto que não este mas o outro do futuro.

Não caibo em mim. Não é alegria nem tristeza o que nos domina.
Tão pouco caos ou vazio.
Não caibo em mim.

Olhar cheio de água, rasa em lágrimas a guardar eternas no jardim secreto. Pintado a ocre e verde. Agora com sabor a deserto e a desterro.

Labirinto carnal.

Coração, partiu.
Viagem perdida. Olhos vasos de verde e rosa.
Parou.
Tudo parou.
Tempo até de parar o pulsar tão velho como tu.

Não lhe chames paixão.
Nem a insultes com poesia.

Labirinto carnal.

Sei que te desejo.
Mas não rasgaria meu peito outra vez.
Não nem por ti.

Abnegado e dedicado coração.
Já cá não mora.
Assim não o arranco neste nem no próximo segundo.

Não sei se voltará.
Se mo devolverá o deserto...

Desterro no teu colo sardento e feliz.