Anjo
Não sou esse anjo que desejamos que seja.
Nem tão pouco me quedam penas nas asas.
Sou mera massa disforme de algodão.
Sirvo de encosto à tua cabeça.
Peito forte desfeito em emoções
Rasgadas ilusões.
Outras palavras.
Outras carícias.
Cabeças loucas perdidas em eternos pecados mortais, mentiras e malícias...
Dizem delícias...
Algodão.
Sou.
E já muito sujo.
Sou eu.
Pairo ao nível do chão.
Arrebatado num suspiro teu.
Uma onde e outra, praia de desejos ardentes.
Também ela suja.
Sou um anjo perdido e imundo.
Caído.
Mas vivo.Vivo.
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