2004-07-19

Anjo

Não sou esse anjo que desejamos que seja.
 
Nem tão pouco me quedam penas nas asas.
Sou mera massa disforme de algodão.
Sirvo de encosto à tua cabeça.
 
Peito forte desfeito em emoções
Rasgadas ilusões.
Outras palavras.
Outras carícias.
 
Cabeças loucas perdidas em eternos pecados mortais, mentiras e malícias...
Dizem delícias...
 
Algodão.
Sou.
 
E já muito sujo.
Sou eu.
 
Pairo ao nível do chão.
Arrebatado num suspiro teu.
Uma onde e outra, praia de desejos ardentes.
Também ela suja.
 
Sou um anjo perdido e imundo.
Caído.
 
Mas vivo.Vivo.