Odeio
Odeio escrever linhas perfeita e estupidamente românticas.
Odeio ter de sentir.
Mostrar que sou vulnerável.
Que sou de carne e alma.
E não de aço.
Odeio.
Odeio escrever.
Quase tanto como odeio ter de olhar no espelho para me barbear todos os dias.
Odeio!
Odeio amar-te.
Perder-me nesse Oceano revolto e imperfeito porque sem mim no seu reflexo.
Odeio que não estejas saudosa de mim como eu sou e estou sedento de ti.
Odeio sentir-me vazio de sentido, mas pior ainda é procurar esse sentido em ti.
Não te tenho.
Não há sentido!
Nunca houve nem haverá!
Odeio...
Nem corre o maldito vento.
Nem mudam as minhas ideias.
Nem deixo de ser teimoso ou de odiar.
Mas o que odeio mesmo é escrever linhas perfeita e estupidamente românticas.
Se nunca estás.
Se nunca ouves.
Se nunca foste minha ninfa.
Se nunca o serás.
2004-07-23
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