2004-07-23

Odeio

 
Odeio escrever linhas perfeita e estupidamente românticas.

Odeio ter de sentir.
Mostrar que sou vulnerável.
Que sou de carne e alma.
E não de aço.

Odeio.

Odeio escrever.
Quase tanto como odeio ter de olhar no espelho para me barbear todos os dias.

Odeio!

Odeio amar-te.
Perder-me nesse Oceano revolto e imperfeito porque sem mim no seu reflexo.
Odeio que não estejas saudosa de mim como eu sou e estou sedento de ti.

Odeio sentir-me vazio de sentido, mas pior ainda é procurar esse sentido em ti.

Não te tenho.
Não há sentido!
Nunca houve nem haverá!

Odeio...

Nem corre o maldito vento.
Nem mudam as minhas ideias.
Nem deixo de ser teimoso ou de odiar.

Mas o que odeio mesmo é escrever linhas perfeita e estupidamente românticas.
Se nunca estás.
Se nunca ouves.
Se nunca foste minha ninfa.
Se nunca o serás.

2004-07-23