2008-06-11

Perfeito

Se eu fosse perfeito, seria terrível.
Antes de tudo, eu não seria eu.
E isso seria mau.
Mas esse meu outro eu, essa personagem, seria terrível, também ela.

Terrivelmente aborrecida, terrivelmente iluminada, terrivelmente casada e pai de filhos.

Seria terrível e assustador.

Não seria este pequeno poeta, rebelde de louco, ou louco de rebelde que vos escreve.
Nunca me senti vocacionado para a paternidade.
Nem para o lar doce lar.
Se algum dia o desejei, apesar da funesta falta de vocação?
Sim claro!...
Se algum dia realmente o senti no peito, como aquelas verdades inabaláveis que nos levam ao céu e à loucura?
Não.
Não.
Não.

Apenas a paixão foi senhora deste peito.
Apenas a paixão é sempre a senhora deste peito.
E nunca esmorece.
E nunca perde força, fogo ou fulgor.
Contrariamente ao que parece.