2008-05-21

Amor e dor


Amor e dor.
Como duas fases da mesma lua.
Amor e dor.
Insanidade de se ser possuído pelas duas em simultâneo, num mesmo corpo.
Frágil instante, a vida.
Se já transbordei de amor… Hoje tomou posse a dor…
Que me cega, que me rasga, que me faz uivar de raiva.
E falha-me a voz.
E falha-me a força no corpo e até o olhar se me queda baço.
É doença.
Sim um e outro, têm de ser doença.

Que nos mata, devagar, em sangria antes do arroz de cabidela.
Afinal, afinal o alimento sou eu.
Louco sustento.
Vazasse-me o sangue e com ele toda a alegria, toda a vida, toda a esperança.
Vazasse-me o sangue, desejo que também os olhos e os ouvidos se tivessem vazado para que não visse, para que não ouvisse.

São lágrimas minha senhora, são lágrimas.

Foram rosas um dia.
Foram dias de alegria.
Foram dias de perfumado êxtase.

São horas, dias de agonia.
Sangria, sangria...
O sacrifico sou eu.
Alimento, alimento…