2005-05-22

"Fogo"

Fogo! Fogo! Tudo a arder!

Fogo!

Enxofre e alcatrão.

Fugiram os dias de Sol e de praia.

Fugiram.

Até o ar arde, golfadas e labaredas.

Tudo a arder!
Nunca mais será noite.

2005-05-19

"Pouco Eterno"

Como transformar uma paixão numa Amor que dura?
Talvez usando cimentos e outros betões.

Efémero instante. Sempre fugidio. Frágil vela sem pavio, sem calor ou luz.

Como guardar um trovão num bolso ou um relâmpago na algibeira?

Palavras proferidas em excesso.
Como transformar tesão em Amor?
Uma vez.

Uma qualquer vez.
Talvez usando farinha, fermentos e outros pós brancos.

Cal. Alvura quase lívida.
Morte do instante outrora proferido.
Morte, outrora preferida.

Mármore em lápide. Inscrita.

Como transformar em eterno o efémero?

A paixão, nunca dura.

Pouco eternas as palavras.
Menos ainda as palavras proferidas em surdina.

2005-05-15

"Solução"

Solução ácida e alcalina.
Solução salgada e doce.
Solução final.

Dissolução.

2005-05-09

"Voz"

Tua voz suave e dengosa, falando de Amor derrete e excita-me, além horizontes, além vales e desfiladeiros, tuas curvas a arder de desejos. Meus teus beijos. Suor salgado e doce.
A arder.
Sempre a arder

2005-05-06

"Fim"

Tudo tem um fim.
Acaba o dia.
Acaba a vida.

Acabam suspiros.

Termina toda a alegria e em simultâneo toda a dor.

Apagamos toda a cor do rosto.

Tudo tem um fim.
Um dia.
Uma noite.

Um segundo.
Não tento enganar-me.
Fuga impossível de ser eterna.
Até a fuga tem um fim.
Fuga e Expressão.
Fuga e Omissão.

Tudo tem um fim.
Um dia.
De noite

2005-05-01

"Candura"

Perdição alva, promontório santificado.
Neve em flocos, neve em Revolução.

Perdição brancura imaculada de encontro ao céu.
Suspiro na ausência de ar.

Esperança de voo.