Fé, Paixão

Um dia sonhei o impossível nos teus lábios. 

Um dia sonhei o impossível em teu umbigo.

Um dia sonhei o impossível nessa tua lingerie rendada.

Um dia aconteceu.

Afinal era possível.

Afinal havia Vida.

Fé

Paixão.

Sangue ardendo.

Afinal não era sonho.

Era presente.

Prenda do aqui e agora.

Tu nessa lingerie rendada.

Esbelta.

Curvas detalhadas e sensuais.

Perfume de profundo desejo.

Canela, cravo, madeira exótica.

Vinho tinto cheio de taninos, paladar aveludado.

Língua quente, doida...

Fé.

Paixão

Onde fica?

 Onde fica o Amor?

Onde fica o Amar?

No peito?

No leito?

No céu?

No inferno?

Em teus lábios, julguei, amar, senti amor, em meu peito calor e alegria, em nosso leito calor e frenesim, nesse céu, estrelas e sóis e no inferno os nossos corpos cansados e mortais.

Onde fica, agora o Amor?

Onde cabe?

Onde fica, agora o Amar?

Onde cabe?

No peito?

No leito?

Vazio.

Vazio.

Vazio.

Eco infinito.

Não fica.

Jura

 Rui Veloso | Jura - YouTube

Jura

Rui Veloso

Composição: Carlos Tê / Rui Veloso

Jura que não vais ter uma aventura Dessas que acontecem numa altura E depois se desvanecem Sem lembrança boa ou má E por isso mesmo se esquecem Jura que se tiveres uma aventura Vais contar uma mentira Com cuidado e com ternura Vais fazer uma pintura Com uma tinta qualquer Que o ciúme é queimadura Que faz o coração sofrer Jura que não vais ter uma aventura Porque eu hei-de estar sempre à altura De saber Que a solidão é dura E o amor é uma fervura Que a saudade não segura E a razão não serena Mas jura que se tiver de ser Ao menos que valha a pena

É paixão

Sem paixão, não sou poeta... Tão pouco vivo...

Sem paixão, não respiro, não como, não vejo...

Negritude do amanhecer até ao anoitecer. Não!

Sem paixão não! Não consigo, não sei!

Não me digas que não te amo. 

Que não te desejo.

Que tudo em mim não arde por ti.

Por teus lábios, pelo toque fervente de tuas mãos pequenas.

Não me digas que não.

Não é assim!

É paixão! Chama que arde em mil Sois!

É paixão, loucura e frenesim.

Madrugada de orgasmos e prazer!

Suor salgado, libertadores, ais de amor.

É paixão desenfreada e louca.

Porque sem paixão. Não sou poeta. Não sou amante. Não sou.

É paixão.

Morre o dia devagar. 

Nasce o dia devagar. 

É teu umbigo. 

São teus lábios.

É teu sexo.

Cabelos rebeldes, enquanto tremeluzes e estremeces, gemes, sobes, ressuscitas, desces e voltas a mergulhar...

É paixão.

Vivo de novo.

Mas será Amor?

Hoje

 

Hoje, bem mais do que ontem, bem mais do que amanhã, sou.

Sou vivo, presente, calor que emana do corpo, do sorriso, das mãos.

Sou, toque ardente, lábios doces, respirar ofegante e Sol ardente.

Hoje,bem mais do que ontem, e muito mais que amanhã, vivo.

Sei que pouco sei. Sei que estamos aqui. Juntos. Perdurando instantes eternos.

Suspiro. Raios! Tão apaixonado estou, que não respiro!

Intercalo suspiros, pequenos ais, pequenos uis.

Pequenas palavras de paixão e amor.

Ui. Ai. Ui. Ai.

Hoje tenho-te aqui.

És minha, só minha.

Sou teu, só teu.

Possessão de lábios e mãos e coxas e corpos e sexo.

És minha só minha.

Boca em fogo.

Dispara poesias, promessas, virtudes, tantas e tão tamanhas, que algumas terão mesmo de ser ilusão.

Não queremos saber! Não hoje! Não agora!

Creio, tenho fé, acredito.

Se é mentira que seja esta e que seja eterna.

Fogo que não esmorece com o tempo dos homens.

Nessa última

 

Nessa última centelha de luz.

Toda a esperança.

Todo o meu ultimo suspiro.

Resistir.

Resistir.

Sorrir.

Sorrir.

Nessa última esguelha de dia.

Escapar-me da noite fria

Uma questão

 

De um poeta para outro:

Uma questão, uma pergunta, vil, invasiva, triste.

Uma, apenas uma, peço-lhe desde já perdão, pela frieza da questão...

Porque suportamos em silêncio, a dor que deveras sentimos?

Porque suportamos?

Tantos peitos que não Vivem.

Tanto coração de pedra.

Tanto sorriso de mármore.

Porque suportamos?

E em silêncio?

Porque suportamos essa dor, sozinhos, numa qualquer montanha, enamorados pelo mar?

Se

 

Se existir Vida, será poesia.

Se não existir...

Se existir.

Poeta.

Se não existir

Se suspirar, será paixão.

Se não respirar será morte?!

Se teus lábios? Calor.

Sem teus lábios? Inferno!

Se souber. Rio.

Se não souber choro...

Escolher

 

Se eu tivesse de escolher, entre o nada e a dor...

Escolheria a solidão.

Sempre minha primeira escolha.

Solidão.

Recolhimento.

Alto numa montanha.

Se eu tivesse de escolher.

Solidão.

Em paz.

Ouvindo o meu próprio coração.

É montanha, mar e vento.

É vida.

Solidão.