2004-11-28

"Nostalgia?"

Nostalgia?

Talvez.

A senhora Kate Bush canta "Running up that hill".
Voz sedutora.
Melodias já com muitas histórias em cima...

2004-11-27

"Nop"

No passa nada!

Talvez apenas esteja de saída uma garrafinha ou outra de cervejinha preta stout!

Ai César, César!

O que já esteve para arder tua Roma!

2004-11-23

César

César não governa.
Nem sabe se sua esposa é respeitável.

César já não sabe e já não sabe saber.

César abraça os louros de outras Primaveras e aguarda o fim do Inverno.
Tal não o satisfaz, não o encontra, não o deixa respirar.

Ar frio.
César sobrevive sem o Senado.
Saberá o Senado sobreviver sem César?

Viverá algum deles?

César não governa.
É eloquente sua esposa.
Encaracoladas palavras de Oceanos confusos e vivos.

Todos já sabem.
Nos templos, nos lugares, nas ruas, mil imagens de sua esposa.

Todos já sabem.
Palavras acabadas e curtas. Suspiros. Sorrisos pequenos.

César não governa.

Seus louros são do passado.
Glórias e fortunas em abandono, não as recorda.

Escondido César.
Revelada sua esposa.
Respeitável e eloquente.

César.
Hoje é Nero.
Labaredas e incensos.
Fins e degredos.

César
Amanhã é Júlio.
Flores e fragrâncias.
Louros Primaveris.

.
.
.

César não governa





2004-11-20

"Gripe"

Reduzido a um suspiro?
Reduzido a um raio de luz?

Nunca estiveste apaixonado.

Não o pensarias assim, não o dirias assim, não suspirarias assim, não brilharias assim.

Elevado a um gradiente turvo e deturpado de tão alcoolizado?

Suspiro em raio de luz, rio que me rache…
Rio do raio…
Raio que me parta!

Reduzido a uma lágrima ao entardecer.
Orvalho miúdo.
Salgado orvalho esse que saboreio na praia de outros sonhos.

Reduzido ou exultado?
Os dois de certeza os dois em doses fatais.

Venenos doces e amargos.
Êxtases.
Abandonos.

Gripe nesta tarde solarenga.





2004-11-19

"Nero"

Mato esse bastardo safado e incendiário.
Sufoco-o antes da primeira exalação do dia.

Sacana! Insistente e arrebatado de pesadelos mais antigos, outros pesadelos,
precipita-se sempre como chuva ácida, conspurcando até a tez mais pura.

Afogo esse bastardo em mar doce e amargo, whisky, companheiro,
diminutivo e não nome, pessoa e não coisa... Jackie.

2004-11-14

"Madeira"

Madeira, minha ancora.
Madeira, minha cruz.
Madeira, meu fim.

Madeira.
Pinheiro fronteiro.

Inferno.

Madeira.
Rio.

Ponho.

Flutuo.

Madeira pecado.
Meu pecado.
Madeira.

Salvação.

Tira.

Flutua.




"Gotas"

Em gotas.
Em gotas.
Em gotas a nossa vida.
A nossa história.
Em gotas.

Lágrimas e suor.
Não importa.

Em gotas.
Toda a vida.
Redonda.
Gota.

Pérola.
Redonda.
Infinita.

Em gotas.
Em gotas.

Vertidas da alma.
Ritmos ferozes, gotas que fogem.
Nunca se souberam esconder.

Gotas desnudas.

Em gotas.
Em gotas.

Vida.
Engano.

Vida
Morte.

Engano.
Até as gotas se enganam no Oceano.

Em gotas, destruída.
A vida.
Toda a Vida.

Em gotas, no Oceano.
Engano.


"Maria"

Passinhos curtos, decididos a serem delicados.
Ancas de imperatriz, ritmo sincronizado.
Maria encanta quando baila.

Coração, quase parado, ritmo sincopado,
Vê-la passar.

Rainha no menear do corpo esguio.
Coração parte, disparado.

Suspendida no ar.
Tudo pára.

Coração de novo em ritmo sincopado.
Quase sufocado.

"Dourada"

Minha vida é dourada.
É viva.
Sua no copo frio.
Morre nos lábios em brasa.

Minha vida é etérea.
Feliz.
Sua no invólucro cristalino.
Afoga-se em ti.

Minha vida, tu.
Fim de dia.
Suor cansado.
Nasce outro dia.
Tu.
E tu.

Vida dourada.
Gingam ancas.
Melada língua.
Água!
Água!

Fogo dourado.
Fantasia.
Fim de dia.

Tu.
E tu.
Morre nos lábios.
Para nascer noutro dia.



"Dos Gardenias"

Dos gardenias para ti
Con ellas quiero decir
Te quiero, te adoro, mi vida
Ponles toda tu atención
Porque son tu corazón y el mío

Dos gardenias para ti
Que tendrán todo el calor de un beso
De esos besos que te di
Y que jamás encontrarás
En el calor de otro querer

A tu lado vivirán y se hablarán
Como cuando estás conmigo
Y hasta creerás que te dirán
Te quiero

Pero si un atardecer
Las gardenias de mi amor se mueren
Es porque han adivinado
Que tu amor me ha traicionado
Porque existe otro querer

2004-11-11

"Alegria"

Alegria!
Embriagar-me nela como o faço no decote de mulher bonita.
Alegria!
Delicioso este fim de dia.
Felicidade, haver, assim, amizade.
Alegria!
Eterna vida, no sorriso de criança bonita, que há-de nascer num destes dias de Primavera.

2004-11-07

"Casamento"

Imagem, foto imutável.
Altar, anjos e querubins.
Vela de luz dourada.

Santificado pelo Amor, o lugar, o dia, o instante.
Mãos dadas.
Diríamos não existir desespero, nem adversidades.
Apenas felizes, absolutamente felizes.
Irremediavelmente felizes.
Diríamos só Amor.

Imagem, em foto sem mácula.
Degraus, tapete encarnado vivo.
Instante perpétuo.

"Boggie"

Vox.

Voz, palavra, rádio, canção.

Boggie...

Vida por detrás do vidro.

Vejo mil cores na tua íris. Todas perfeitas.

Vox.

Sei não haver outro som.
Sei não haver outra voz.
Apenas a tua ao despertar.
Noite e dia de imortais prazeres.

Vénus, Afrodite, traje alvo, o lençol que te conduz até ao outro quarto.
Delicados cabelos sobre os ombros, rebeldes de vidas e estórias.
Vénus, Afrodite, candura meiga, carícia sem fim.

Vox, a tua voz delicada e perpétua.

Boggie

"Azul"

Vou ser feliz aqui.
Terra azul-turquesa.
Intímo-nos a ser felizes aqui.
Pecado, apenas não sermos eternos.

Vou ser feliz aqui.
Contigo.
Chamo-te anjo.
Céu alvo, neve escaldante.
E teu vestido escarlate,
esta noite é dono de mim.

Absurdo Oceano.
Absoluto chamamento.
Voz no vento.
Som, nome, bênção.

"Memória"

O monstro tenta vir apanhar-me.
Pegar-me quando estou distraído.
Maldito monstro!
Memória vermelha da minha velha íris raiada.

O monstro tenta vir apanhar-me.
Como abomino estar distraído por vezes.
Maldição!
Arght!

"Amaldiçoada"

Amaldiçoada ausência de sono.
Amaldiçoada ausência de razão.
Amaldiçoada ausência de perdão.

2004-11-02

"Prece"

Perco-me onde me encontro.
Ando avariado, peças e razões em falta.
Não sei, não ouvi, não disse.
Ausência de tantos sentidos.
Vazio até de outro sentido.

Perco-me.
Íris avelã.
Fitava-a mil anos.
Eternos e suaves mil anos.

Tuas mãos em meu peito, prece de meus mil dias, bênção de outras tantas noites.

Encontro-me.
Mil cantos revoltos, mar de Inverno, com o fogo do Verão.
Chamo-lhe teu rosto.
Chamo-lhe Sol.
Chamam-lhe Astro Rei.
Chamo-te minha.

Perco-me e encontro-me.
Hoje contava sardas, como mil grãos de areia, como mil estrelas, como mil histórias.
Hoje contava-te a ti.
Cheio e transbordando.
Luz, suor e que este dia não mais acabasse, para poder falar de ti.
Luz, suor e mais um de teus mil sorrisos, para poder enamorar-me ainda mais de ti.

Perco-me.
Íris avelã.
Fitava-a mil anos.
Eternos e suaves mil anos.

"Vocação"

Vocação?

Diria paixão.

Paixão pelos outros, abnegada.

Devoção.

O que encerra o brilho da menina de teus olhos, ainda não sei.
Transborda teu coração em luz dourada, palavras de pura dedicação.
O que revelam teus lábios?
Sorriso malandro.
Mas não inocente.

2004-11-01

ffffffffffffffffffffffff

Que arda tudo!
Que queime até o ar!
No fim do fogo, sei que abrirás as tuas asas.
E poderei subir em teus caracóis.

"T & T"

Teus lábios permanecem angelicais.
Eu sei.
Teus lábios, melancólicas nuvens escondidas por de trás de um olhar dourado.
Eu sei.
Teus lábios, sôfregos e encantadores.
Eu sei.
Bebo deles todas as palavras.
Conto todos teus caracóis, todas tuas sardas.
Tu sabes.
Roubamos instantes à eternidade, espaço sideral acolhedor num canto das nossas asas.
Tu sabes.
Trazes, tiras, tragas, transpões…
Lábios angelicais.

"Barcelona"

Barcelona ao alcance de um sorriso.
Agora apenas ao alcance de um olhar triste, o de um até já, ainda agora.
E ainda agora já passou.
E ainda agora é já fútil.