"Manias"
Uma amiga querida, das letras, das palavras, das emoções, uma vizinha, uma mulher cá da terra, fez-me um desafio, um destes dias.
Um desafio simples, sim sem dúvida.
Explanar-me e espraiar-me nos meus pequenos pecados, nas minhas pequenas rotinas, nessas manias que são tanto de mim como eu delas.
E... Eu disse-lhe um dia.
Um te digo e te conto.
Um dia moeda ao ar.
Das minhas manias não reza a história.
Mas uma é mais forte. E reina sobre todas as memórias.
Essa implacável e tantas vezes imperecível Paixão.
Que morre tantas vezes na flor da idade, tenra e juvenil e ainda tão inocente.
Raio de mania…
E a Vida, nos seus dias rosa, nos seus dias em fogo, nos seus dias de veludo negro de abandono. É sempre a minha mania. A ela me agarro, mesmo quando ela me chuta, me empurra e me afoga em tempestades e desilusões.
Manias…
E o verbo, o verbo e o sujeito. E os adjectivos. Imensos, imensos. A mania de escrever e reescrever sentimentos, sentidos, descobrir e redescobrir. Dar a conhecer. Morrer tantas vezes no verbo, no sujeito, no adjectivo.
Viver, na Paixão, no verbo. E na Íris da Paixão. Suicídio sadomasoquista este meu. Dia a dia imenso, no qual nado mesmo que sem perícia.
E mais nada.
Tudo o mais é passado de futilidade já senil, não existe.
E uma mania, que contigo partilho amiga. A das chaves, como se tudo tivesse fechadura e código e abertura.
Chaves, chaveiros, mistérios e segredos. Se tudo se revelasse assim num passe de mágica, assim desmontar de um segredo.
Mas não o destino rouba-nos essa revelação, essa luz.