2007-05-24

Luz, Mãe do Salvador e Barcelona


Luzir mais forte.
Farol em noite povoada de medos e dúvidas.
Luzir mais forte.
Ausência de estrelas ou outros planetas.
Luzir mais forte.
Teu rosto alumia meu caminho.
E em lado algum outra luz.
Miras-me e aqueço.

Mas…

Miras outro qualquer e ensandeço.
Mirarás em frente? Perscrutando o caminho?
Não sei,
Luzir mais forte.

Não sei, não posso.
A luz falhou.
O farol apagou.
Uma só luz, um oceano de dúvidas e teu plácido rosto.
Luzir mais forte.

Não digas nada, mira-me, protege-me e mesmo sem saber o caminho, adormeço.

2007-05-22

"A Caminho"


Todos necessitamos de um ponto de partida.
De um zero.
De lá poderemos alcançar tudo o resto.
Infinito feliz.
O meu ponto de partida tem um nome: Porto.
O meu ponto de partida tem rio e Oceano.
É frio e salgado e tantas vezes inconstante e nebuloso.
Tem chegadas e partidas.
Encontros e abandonos.
E tem um brilho no olhar impossível de igualar.
O meu ponto de partida tem lar, tem olhar e tem amargar.
E é daqui que rumo.
E aqui um dia haverá um final, um retorno.
Não agora.
Agora estou no caminho.
E a caminho de um milagre.

2007-05-07

Escrever em tinta

Hoje escreveria em tinta ao invés de sangue, ao invés de lágrimas ou suor.
Hoje escreveria em tinta, uma e outra palavra. Algumas até desprovidas de vida, sentido e sentimento.
Um dia, um dia, talvez hoje escreveria, desgarrado do som e da emoção, mas não ainda…
Não ainda hoje!
Hoje tardas, minutos, horas…
Faz um vento semi-frio.
Consola-me o Oceano, como o Sol morno consola a areia a meus pés.
Tardas, uns minutos apenas, eu sei, já tardou mais.
Que não venhas munida de lágrimas ou outras dores, sinais esses sim do fim do Verão.
Hoje é ainda Primavera, gaivotas, andorinhas e uma promessa de tinta e palavras e outra promessa de sangue e suor.
Ai que me fazes confuso!
Que já não sei se escrevo, se te escrevo, se sinto e se sei.
São palavras sim.
Questiono-me sobre os sentimentos, sobre o sentido de tudo isto.
Tinta, sangue, suor e lágrimas, química imperfeita, até porque tardas, tardas tanto!
Que venhas, segura, que venhas munida de teu sorriso avassalador. Que se silencie o frio e se faça mais quente este Sol.
Que venhas, segura, que venhas munida da Primavera, porque é ainda muito cedo para o fim do Verão!