2008-01-23

Somos

Somos. Respiramos. Pulsamos.
Correm dias em sucessões rápidas, tão rápidas que se tornam cruéis.
Somos. Respiramos. Pulsamos.
O céu nasce em fogo, corre pelo azul, pelo cinza, pelo imaculado branco, é dourado, é rosado, é laranja, até que se transforma macadame.
Como a estrada.
Repetida estrada, dia sim, dia sim.
Subindo e descendo como degraus de escada em espiral, sem fim, sem fim.
Somos, somos, somos.
Respiramos.
Sem saber respiramos.
Somos.
Sem saber, somos.
Pulsamos…
Sem saber…
Pulsamos.
Um dia qualquer pára o coração.
Um dia qualquer apaga-se o sorriso.
Cruel tempestade de tempo e correria em rodopio.
Raio de mar em Levante!
Somos. Respiramos. Pulsamos.
Espero que por muitos dias.
Dias mais fogo do que este, dias mais alvos do que este, dias menos macadame do que este.
Somos.
Somos?
Se somos!?

2008-01-21

Lágrimas

A beleza, quando no seu estado puro, enche-me tantas vezes o olhar de lágrimas. Frágeis barragens de água salgada, com destino mais elevado que o de ficar.
Partir, partir, rolar rosto abaixo, pescoço abaixo, terra abaixo, oceano adentro.
Chorar de alegria?
Sim de alegria.
A beleza, quando pura, seduz, embriaga, enche-me o rosto de lágrimas.
Partir, partir, não podem ficar.
Lágrimas, como a beleza, têm de ser livres, têm de partir.
E se no meu corpo cresce jardim, belo e puro jardim, é porque no adubo e na terra, no dia e na noite, houve chuva de lágrimas gentis, num dia, em que viram e sonharam, em que viram e souberam, em que cresceram e brotaram, lágrimas de alegria.
Essa beleza, que me toca, que me invade, que me solicita e que me partilha é imensa.
Transcende-me e ultrapassa-me.
E derrama-me em lágrimas quentes, fervorosas lágrimas de alegria, de dias, de noites, de vidas sem fim

2008-01-20

Atonement


É pecado ser-se infeliz, pior ainda criar a infelicidade.
Mas somos infantes, na escuridão, tantas vezes incorremos na infelicidade, tantas vezes a causamos. Tantas vezes sofremos com ela.
É pecado ser-se infeliz, pior ainda transformar-se na própria infelicidade.

O filme é bonito.
Malvado no fim.
Mas também há maldade na vida.
Como felicidade.

No Oceano das lágrimas há muito água doce, doce.
Rio claro de águas gentis. Como abraço, como afago, como destino final.

Rio claro.
Verde esperançoso, como vale, como colo que se deseja fértil.

Riso largo.
Inocente.

A esperança é tantas vezes um lugar ausente.

2008-01-14

Há encantos no amanhecer.
Encantamentos no anoitecer.
Há um sem numero de nomes correndo por entre meus dedos, quais grãos de areia.
Encantamentos de sereias e serpentes, de fadas e duendes.
Há um milhão de estrelas no firmamento e todas elas em teu olhar dourado.
Encantamentos de incontáveis momentos de alegria e luxúria e platónica poesia.
Há luares.
E tantos rios cálidos.
Luzes e espelhos.
Ondular de vida que se quer pulsante.
De rio que se vai encontrar rumo ao mar.