2007-07-31

Sagrada


Sagrada?
A palavra, a ilusão, a noite, o vento Norte.
Sagrada?
Alma, face rosada, boca desenhada.
Sagrada?
Nunca a emoção!
Nunca!
Sagrada?
Família, Barcelona, irmã querida, amigas, outras vidas.
Sagrada?
Igreja, santificada, memória, rosto ilusão.
Sagrada?
Jamais a emoção, animalesca emoção canibal!
Sagrada?
Igreja, santuário, catedral, uma viagem inacabada
Só assim Sagrada!

Traição


Amiga se é o engano ou a ilusão que te faz dano.
Não sei, não sabes, não sabemos.
Amiga se é remédio amargo, penicilina ou barbitúrico não sei.
Dependência.
Sim uma certeza.
Ter pena é um péssimo sentimento, uma péssima reacção, uma péssima emoção.
Mas tenho pena.
Sabes que sim mesmo quando o não afirmo.
Amiga engano ou ilusão, não sabemos, decepção fria e degradante.
Faz já demasiado tempo.
Mais que um instante seria aliás demasiado tempo.
Tantos anos.
É doença é dependência é amargo engano.
Um abraço, um bem-haja, e um triste sentimento de pena que desejo rapidamente se desvaneça.

Peter

Doce, doce veneno de engano e esquecimento.
Seja álcool ou teu sorriso.
Seja erva ou teu suor.
Doce, doce veneno de sonho e enlouquecimento.
Seja perfeito ou um embuste.
Seja desejo ou um defeito.
Doce, doce veneno, um encanto, um tormento.

Agora é Gin, não como o do Peter's já nada neste mundo é perfeito.
É veneno como a memória.
É doce e amargo como a memória.
Prega-me partidas como a memória.

2007-07-16

Sinto


Sinto-me em fogo.
E não é álcool ou outra droga.
Ardo e consumo-me
E não é droga digo e afirmo.
Labaredas e fumos de enxofre.
Não! Ainda não é Hades ou outro purgatório.
Chamas e mais chamas, flameja por toda a parte.
E ardo, nessa fogueira sem fim.
E perco-me em suor.
E perco-me em desejo.
E perco-me em luxúria.
Sinto-me em fogo, em fogo deverei estar!
E não é álcool, ou outra droga.
És tu.
Labaredas rubras vivas!

E não me matas.
E não me queimas.

E não me amas tão pouco.

2007-07-13

Eco

E se no nosso futuro reside apenas o eco?
E se no nosso futuro reside apenas uma tela em branco?
Virgem tela alva como palco no qual esse som se arremessa e reflecte e reflecte.
Haverá algo mais surreal? Haverá algo mais puro? Mais perfeito? Mais final?
Dúvidas e questões.
Dias errantes neste presente e…
Esse futuro que não chega.
Será apenas ilusão?
Quedamo-nos inertes no fim deste dia.
E amanhã o eco na tela alva.
Como aldeia das casas brancas.
Um dia, um dia, talvez amanhã, cessemos de representar.
E silencio na voz.
E som, quase em ruído branco, de encontro à parede alva, como tela, como teatro sem publico, sem actor e na verdade sem palco.
O eco, o eco, o eco.

2007-07-12

MACBA


Museo d’Art Contemporani de Barcelona

http://www.macba.es/controller.php

“Un Teatro sin Teatro”

coproduzido pelo Museu Berardo de Lisboa

Um Teatro sem Teatro.

Uma amostra de arte moderna onde teatro e a arte visual se mescla.

E tantas questões surgem.

Um Teatro sem Teatro.

Nesta vida em que supostamente somos actores e espectadores, que o dia a dia é o palco. Onde se encaixa um Teatro sem Teatro?

E numa aventura do modernismo e do pós modernismo nos atiramos tanto como somos atirados.

Foram 7,5 Eur de entrada. Eu teria dado o dobro se soubesse o que me esperava.

O que ainda me espera agora que sinto e absorvo tudo que vi, ouvi e senti.

A arte como a vida não tem um preço.

E esse foi apenas o custo do bilhete de entrada, não de modo algum o custo da viagem ou do bilhete de saída, se o houvesse…

Um Teatro sem Teatro

Fase um:

Um Teatro sem palco apenas actores e espectadores. Como se fossemos corpos unidos pelo mesmo ar, pelo mesmo umbigo, pelo mesmo peito fundido, numa só mensagem, numa só emoção.

Fase dois:

Um Teatro de palco e de actores. Todos nos atropelamos nas nossas deixas e ditos, nas nossas emoções.

Esquecemos tempos idos onde não existia palco e tu e eu, nós éramos apenas actores e espectadores fundidos qual Adão e Eva. Somos caos. Somos caos de emoção. Somos caos de emoções. Nem uma nem outra criadoras.

O corpo e o seu meio.

Nossos corpos.

Que se mesclam mas não se unem.

Somos providos de boca e palavras mas não de ouvidos e compreensão.

Fase três:

Um Teatro de palco e reflexos.

Intrincadas e complexas relações. Dias e dias de ditos e palavras e de perda de emoções. Tudo isso e mais, tudo isso e uma catástrofe qualquer, nuclear, multinuclear, um caos que se nos submerge e que emerge acima de tudo o mais.

Queda o palco nada mais.

Minto.

Quedo o palco e reflexos de uma coisa qualquer.

Nem chega a ser reflexos do que fomos ou quisemos ser.

Não!

Não chega a tal longe. Mero reflexo de uma coisa qualquer.

Fase quatro:

Um Teatro, sem Teatro sem actores ou espectadores.

Omnipresente, Omnisciente, Omnipotente.

Como Ente Divino.

E dele toda a sapiência toda a existência toda a consciência.

Fase cinco:

O Nada que tudo consome.

O Nada que tudo alberga.

Nada que não é Nada.

Fase seis:

E agora?

E agora?

E agora?

Três vezes pergunta o artista qual Moliére do século XXI, tentando avisar os actores, tentando preparar o palco, tentando acordar o público.

E agora?

E agora?

E agora?


2007-07-05

Vento forte

Há um vento forte no ar.
Que te eleva que te emociona que te transforma.
Há um vento forte, varre toda a cidade, do rio ao Oceano, sem paragem, sem engano.
E tu voas, cortas pensamentos, ilusões, passados e presentes, tudo por igual

E tu voas!

Há um vento forte no ar, revigora e regenera.
Música anárquica e desgarrada.
Música viva.
Há um vento forte no ar, prenúncio do Verão enfim.

E tu voas, voas!

Se somos eternos, não sei, se somos imperfeitos, não sei, se somos amantes poetas crianças, não sei.
Sei sim vento.
Sei sim asas!
Sei sim alegria de um dia assim!

2007-07-04

Fim do curso FLUP

Fim do curso

Tudo tem um fim.
Se até mesmo o Sol dá lugar à Lua;
A alegria tem de dar lugar à tristeza, a presença à ausência, a Primavera ao Outono.

Fica uma irremediável sede, uma melancólica saudade.

(E um..)

"Hasta siempre compañeros"