2008-11-24

Praia



És a minha inspiração. O meu alimento.
Oceano agitado e teus cabelos ao vento.
És rubor inocente no final do dia.
Oceano em mil tons jade e prata.
És porto de abrigo, conforto e morada.
És rebelde, ousada doce amada.
Corre o rio, corre, corre, ligeiro tem de desaguar.
Corre o rio, beijo, beijo, toque, toque, rumo ao mar.
És… Brilho no olhar. Uma sede e um desejo.
Uma labareda que consome e uma rosa a apaziguar.
E nesta sede que só a tua boca mata;
Faço poesia, faço renda, faço jornada;
Faço caminho de calcorreio estrada.
Íris meiga, só ela diz o que o peito cala.
Íris meiga, só ela trai o que o peito sente.
Íris meiga, destino, mar, praia, dourado sonho oceânico.

2008-11-22

Ah!


Ah!
Palavras.
São apenas palavras se não as transformarmos em actos.
Teatro da vida.
Palavras, um quê de emoções, um quê de fantasia e vento.

Ah!
Palavras.
Benditas!
Agora meu único alimento.

E se faço minha morada na encruzilhada, poderá ser para te ver descer a rua, poderá ser para ouvir teus passos no corredor, poderá ser para sentir teu perfume do outro lado da linha do telefone.

E se faço nessa morada um jardim rubro, poderão ser rosas, poderá ser sangue, poderão ser tulipas rebeldes, poderá ser apenas uma ilusão.

Ah!
Palavras.
Sangue, só de lábios.
Sangue, só de vida.
Sangue. Só.

Oceânico destino, sem começo nem fim. Vislumbrei-te num qualquer dia de nevoeiro, perto do Rio Ave… Oceânico destino, onde matei uma aliança, uma memória, uma data…
É sempre incomensurável esse dia. O da aliança, junto ao forte. Foi bênção, foi maldição. Agora é perdão.

Sangue, pois que corra.
Que corra e que fuja.
Veia adentro, veia afora.

Faço minha morada perto do teu fado. Ouço-o mesmo quando o tiritas quase em surdina. É o nevoeiro meu amor, é o frio do Oceano e do Rio.

Se soubesses… Se soubesses, sei que fugirias. Mais ainda. Rumo ao céu, rumo ás montanhas, terra adentro, longe deste Oceano. Veia afora. Veia afora.

Sangue. Só. Isso.

Beijei-te um dia.

Beijei-te um dia.

2008-11-21

Amigos

Lembrou-me um amigo, ainda há pouco que um poeta não é poeta se não sentir.
Se não se arremessar no abismo das emoções.
Se me estraçalho nos rochedos ou se me elevo nas nuvens nunca sei.
Relembrei-me, do bom que é juntar letras e palavras.
São assim os amigos.
Tantas vezes mais importantes que as "amigas".
Por isso o sorriso.
Por isso a certeza de ser capaz.
Sempre, uma e outra vez de me estraçalhar contra o vento.
E voar nele.
E não há nada mais belo que voar no vento.
E é belo escrever sobre voar no vento.
E é belo voar no vento, por vezes mesmo sem "amigas", por vezes só com amigos, do peito desses que não têm na verdade sexo, têm palavras e actos de amor incondicional.
Um bem-haja.
Para sempre.
Que chova alegria e felicidade e o céu seja pleno de estrelas!

2008-11-06

Braços

Braços para receber, para abraçar, para sufocar.