2008-07-24

Faróis


Em noites sem luar, só os faróis trazem mensagens de esperança e redenção.

2008-07-23

Farol

A escrita é meu farol e também a minha última linha de defesa.
Agarro-me a ela.
O oceano está gelado e as vagas são colossais.
A minha escrita é remédio e também é problema.
Veneno.
Doce e amargo.
Como a vida.
Doce e amarga.
Poesia.
Paixão.
Não tenho, não agora.
Sorrisos.
Não tenho, gastei todos.
Pedra-pomes, áspera.
A escrita é meu farol e meu sangue.
Esvai-se a luz fica fraca e difusa.
Como a verdade.
Esvai-se.
Fraca.
E um dia perecerá.
Como toda a vida.
Esvai-se.
Fraca.

2008-07-18

Egoísta

A poesia, a minha poesia quase sempre foi sobre a minha vida, o meu coração, o meu amor.
Uma poesia egoísta.
Como eu suponho.
Egoísta.
Egocêntrico.
Tudo acontece cá dentro ou em lugar algum.
Se não amo não há amor.
Se não sofro não há sofrimento.
Sei que assim não é.
Mas também sei tantas vezes que assim e só assim o sinto.
E serei assim tão diferente?
E serei assim tão egoísta?
A poesia, a bendita da minha poesia. Ar que respiro. Ar que transpiro. Ar que me domina. Ar que me alimenta. Ar que me envenena.
Um ar egoísta.
Meu. Meu. Meu.
Ouço Beethoven.
Cerro os dentes.
E os punhos.
Cerro o olhar no horizonte.
Lá fora há lua cheia.
Minha, minha, minha.
Amante.
Egoísta.
Serei.
E sou assim tão diferente?
Como que morri para ti. Sim eu sei. E o egoísta sou eu? Serei, serei.
E sou assim tão diferente?
Ouço Beethoven.
Furioso. Por sobre o teclado. Perdia-se o génio perdia-se no correr de cada dia.
Como a minha vida. Escorregando em largas gotas de suor. Dissipando-se como os sorrisos se dissipam. Como os sorrisos sempre se dissipam.
Furioso. Som.
Abandono-me á lua.
Serei egoísta?
Só conheço este meu amor, este meu sofrimento.
Tudo o mais.
Tudo o mais na verdade não conheço.
Perdi-te.
Perdi-me.
E o egoísta sou eu?
A poesia, a minha poesia quase sempre foi sobre a minha vida, o meu coração, o meu amor.
Uma poesia egoísta.

2008-07-10

Saber

Sabes o coração é frágil, escangalha-se e arrebenta-se num piscar de olhos.
Como peça delicada de vidro desfaz-se em mil bocados se cair nesse abençoado chão a teus pés.
Sabes o coração é frágil e rebelde. E vadio.
Mas sabe o que é Amar.
E amou-te.
E agora sangra de dor e de saudade, em mil bocados, no chão a teus pés.
Sei que sabes.
Peça delicada e gentil, coração.
Rubro, encarnado, vermelho, carmesim, em sangue.
Sabes que o coração é de poeta e rebelde. E já foi muito vadio.
Não mais.
Não agora.
Que já nem sei se bate, se pulsa, se ecoa no peito.
Sei-o sim partido.
Desfeito.
E tu? Sim sei que sabes.