2006-10-25

"Como?"

Como?
Como se aprende a Amar?
Como se começa a Amar?

E como se desaprende a Amar?
E como se abandona o Amar?

Gasto-me nestas inquietudes.
Gasto-me nestas intranquilidades.

Nada nem nunca.
Nem ninguém.

Como?
Como se faz e como se desfaz um coração abandonado?

Tantas palavras… Fúteis e vazias…
Ama-se amando.
E desama-se desamando.

A Vida vive-se nas ruas, nos caminhos, nas estradas, nas vias rápidas. Não neste canto obscuro de papel.

2006-10-19

"Zeca Afonso"


Já passaram tantos anos amigo Zeca.
E ao mesmo tempo parece que foi ainda ontem, pior hoje de madrugada...
A Velha Senhora apenas trocou de roupagens...


"Zeca Afonso
Vampiros
1967"

"No céu cinzento
Sob o astro mudo
Batendo as asas
Pela noite calada
Vem em bandos
Com pés veludo
Chupar o sangue
Fresco da manada

Eles comem tudo
Eles comem tudo
Eles comem tudo
E não deixam nada

A toda a parte
Chegam os vampiros
Poisam nos prédios
Poisam nas calçadas
Trazem no ventre
Despojos antigos
Mas nada os prende
Às vidas acabadas

Eles comem tudo
Eles comem tudo
Eles comem tudo
E não deixam nada

Se alguém se engana
Com seu ar sisudo
E lhes franqueia
As portas à chegada

Eles comem tudo
Eles comem tudo
Eles comem tudo
E não deixam nada

No chão do medo
Tombam os vencidos
Ouvem-se os gritos
Na noite abafada
Jazem nos fossos
Vítimas dum credo
E não se esgota
O sangue da manada

Eles comem tudo
Eles comem tudo
Eles comem tudo
E não deixam nada

São os mordomos
Do universo todo
Senhores à força
Mandadores sem lei
Enchem as tulhas
Bebem vinho novo
Dançam a ronda
No pinhal do rei

Eles comem tudo
Eles comem tudo
Eles comem tudo
E não deixam nada

Se alguém se engana
Com seu ar sisudo
E lhes franqueia
As portas à chegada
Eles comem tudo
Eles comem tudo
Eles comem tudo
E não deixam nada

Eles comem tudo
Eles comem tudo
Eles comem tudo
E não deixam nada"

2006-10-14

"Incêndio"

Infâmia de incêndio.

Morte de templo.

Já te amaram e já te odiaram.

Infâmia de incêndio.

Dia já perdido nas memórias.

Esquecidos os Herostratus e os outros.

Só teu rosto dominará sempre os céus.

Tudo o mais é nada.

"Ah!"

Ah! Suave veneno.

Ah! Suave perfume.

Ah! Suave brilho que me cega.

Ah! Lua e Estrelas...

Ah! Noite de luar.

Ah! Viagem e fuga.

Ah! Reencontro.

Ah! Ilusão.

Ah! Suspiro!

2006-10-11

"Toda Artemis"

Todos teus sorrisos iludem a câmara.

Todos teus sorrisos falam de hoje.

Mas nunca de ontem ou amanhã.

Mas nunca no após o instante.

Teus sorrisos sei-os de brilhos e de cores.

Teus sorrisos sei-os de noites e de dores.

Manifestos de paixão nas gentis rugas de teu rosto.

Manifestos de rios revoltos com sede de alforria.

Tudo na palma de uma mão.

Tudo na curva de um colo.

Migram-se as andorinhas, mas não a Primavera.

Migram-se os tempos mas não os Amores.

Todos os instantes recantos eternos.

Todos os instantes, todos, pintados a sorrisos, mesmo que enganadores.

2006-10-09

"Mana"

Partiste mana.

E fez-se de novo silêncio ensurdecedor em nossa casa.

Temos armários cheios de bolachas Maria, mas não tens mais três anos.

Partiste mana.

Teu sorriso aqui tão perto e interrogações sempre insistentes.

Porque sim já não é resposta, nunca foi, já não tens mais oito anos.

Partiste mana.

O Amor não é uma história, um conto, um romance, é uma batalha, uma guerra de liberdade e partilha, uma guerra de desencontros e reencontros, já não tens mais treze anos.

Partiste mana.

Entre o riso e o choro, mora esta saudade sangrenta.

Temos rio e temos mar, mas não tens mais dezasseis anos.

Partiste mana.

Universidade aqui tão perto, quase ao lado, terra de padres e alguns sacrifícios, mas tão perto que o meu abraço te tocava sempre que querias.

Não agora, já não tens mais dezoito anos.

Partiste mana.

A Rádio a Tv, ladainhas e noticias que nunca o foram, ilusões na ilusão de viver um dia de cada vez. Um dia foi teu sonho, teu castelo, não mais agora, já não tens mais vinte e três anos.

Partiste mana.

Vive alegria na saudade tremenda.

Vive Rio na cidade feliz.

Vive alegria em cada amanhecer.

Vive festa em cada rosto amigo.

Vive festa em cada descoberta.

Vive festa mana.

Vive festa!

Tens vinte e seis anos e o mundo é um recanto pequenino.

Como meu coração sufocando no peito na hora do adeus.

Vive festa mana pequenina.

2006-10-08

"Borboleta"

Não é uma borboleta.

Mentira em asas de cetim.

Douradas.

Não é uma borboleta.

É uma asa que me mata.

"Veneno"

Beijos deliciosos e destilados venenos.

Beijos todo o mal e todo o bem ardendo em lábios.

Beijos. Frutos. Filhos. Recados. Suspiros.

Beijos.

2006-10-07

"Vidas"




Não sei quantas vidas já perdi.
Não sei quantas vidas já usei.
Não sei quantas vidas já deixei usar.

2006-10-02

"Vida de Gato?"




Quantas das sete vidas perdemos a aprender a Amar?

"Arcade Fire e o Parque da Cidade"


"Arcade Fire
Crown of Love

They say it fades if you let it,
love was made to forget it.
I carved your name across my eyelids,
you pray for rain I pray for blindness.

If you still want me, please forgive me,
the crown of love has fallen from me.
If you still want me, please forgive me,
because the spark is not within me.

I snuffed it out before my mom walked in my bedroom.

The only thing that you keep changin'
is your name, my love keeps growin'
still the same, just like a cancer,
and you won't give me a straight answer!

If you still want me, please forgive me,
the crown of love has fallen from me.
If you still want me please forgive me
because your hands are not upon me.

I shrugged them off before my mom walked in my bedroom.

The pains of love, and they keep growin',
in my heart there's flowers growin'
on the grave of our old love,
since you gave me a straight answer.

If you still want me, please forgive me,
the crown of love is not upon me
If you still want me, please forgive me,
cause this crown is not within me.
it's not within me, it's not within me.

You gotta be the one,
you gotta be the way,
your name is the only word that I can say

You gotta be the one,
you gotta be the way,
your name is the only word,
the only word that I can say!"

O MP 3
Os Arcade.
Eu... Tu de algum modo...
E umas sapatilhas da Nike...

2006-10-01

"Passar"


A vida vai passar por ti e tu pela vida.
Será um caso de coincidente desencontro.
De coincidente desamor.

Um dia a vida vai correr assim ligeira.
Mas não hoje!
Hoje não te permitirei voares sem rumo, fugires sem destino, ancorares sem porto de abrigo.

Não hoje meu amor.