2015-06-04

Brilho

Brilham como estrelas.
Brilham como o nosso Sol.
Brilham como diamantes perfeitos.
E dormem serenos como o veludo celeste.
E dormem olhos de pestanas pequeninas.
E dormem mãos pequeninas em pequenas caminhas.
E brilham, brilham.
Amanhã um novo dia.
Pés pequeninos em toda a parte.

2015-06-03

Ensinar a Amar

Queridos filhos,
Rugas
Risos.
Pés pequeninos pela casa toda.
Cabelinhos.
A terra que tiram dos vasos.
Risos.
Ralhetes.
Colinhos.
Dizer o nome de tudo que vemos umas dez vezes.
Repetir o nosso nome outras dez vezes.
Repetir o nome deles outras dez vezes.
Risos.
Saltar na cama.
Quase cair.
Ser segurado no voo para o chão.
Sorrir.
Ralhetes.
Miminhos.
Cabelinhos pequenininhos.
Preocupação.
Serei sempre o pai.
E eles enquanto me quiserem os filhos.
Ensinar e aprender a Amar, um pouco mais, todos os dias.
Como pequenos cabelinhos, como pequenos e delicados dedinhos.
Razão e razões?
Pollock's
Um emaranhado, mais que os cabelinhos.
Um emaranhado, mais que os brinquedos pela casa toda.
Pés pequeninos.
Ricos filhos.
Rugas.
Risos.
Aprender a amar, um pouco mais todos os dias.
Vossos rostos pequeninos.
Bocas perfeitas de pequenos dentinhos e grandes risos.
Aprender a amar, um pouco mais todos os dias.
Rugas.
Risos.
Morrer um pouco todos os dias.
Ensinar e aprender um pouco todos os dias.
Pés pequeninos na minha casa toda.
Embalar-me nos vossos lindos sorrisos.

Não saber!

Isso de saber que nada sabemos...
Xi o que dá para falar do não saber.
Até ao limite do ridículo e de volta para cá até ao limite da sanidade.
Insanidade o não saber.
Mas não sabemos nada.
Nada.
Nada.
Frágil é o nosso conhecimento.
Frágil é o nosso entendimento.
Frágeis seres.
Frágil vontade.
Frágil dia e noite.
Ilusão de entendimento.


A quente!

Escrevo a quente!
Já nem me lembro há quantos anos não escrevia a quente!
É bom faz-lo, sem me julgar e sem saber se sou ou serei julgado.
E o raio da chama....
O raio da chama não apaga...
Não esmorece nem arrefece...
Raio da chama!
Há que rir!
Há que rir e chorar.
Somos um eterno e fugaz instante no tempo.
E no éter, tudo o que se escreve a quente perde a forma. Perde a vida.
É cinza que nunca foi árvore.
É urina que nunca foi bexiga.
Raio da chama que não sabe esmorecer.
Só talvez brincar e esconder.
Há que rir e talvez também chorar.
Assim é a chama da vida.
Assim é a chama da vida, olhos nos olhos.
E no éter tudo o que se escreve a quente é eterno. Enquanto dura a sua vida.
E nunca foi pátria.
E nunca foi pária.
E nunca foi p que pariu!
Ai o raio da chama que escapa pelos dedos, que escorrega, cabelo delgado. Longo cabelo delgado, agora dourado, agora amado.
Ai o raio da chama que se esconde e arde sobre a pele.
Pele, quente.
Quente.